O receptivo, em várias cidades do mundo, é um dos principais produtos comprados por milhões de viajantes anualmente, seja um traslado, um city tour, um passeio a pé, entre outros; são milhares de opções no imenso cardápio da oferta turística. Mas aí vem uma pergunta, quanto vale o serviço, é justo os preços cobrados, os profissionais estão sendo bem remunerados? As perguntas são muitas e as respostas são poucas, quase não existem estudos na área, por isso, vou trazer uma breve discussão sobre a última atualização dos serviços cobrados por Guias de Turismo no Pará, valores que impactam diretamente no custo dos serviços de receptivo mais procurados na cidade de Belém, como passeios de barco e city tours.
Em 2017, o Sindicato de Guias do Pará (Singtur-PA) promoveu uma atualização anual da sua Tabela Referencial de Serviços, provocando nos bastidores e em algumas redes sociais intensas discussões sobre o valor laboral dos serviços prestados por Guias de Turismo e do valor cobrado dos visitantes pelos serviços de receptivo. A polarização das discussões podem ser resumidas em duas questões:
A. Guias de Turismo alegam receber pouco por seus serviços: muitos guias alegam não valer a pena trabalhar por valores tão baixos, como um City Tour de 4 horas, privativo, por R$ 60,00 o serviço, ou seja, cerca de R$ 15,00 por hora de trabalho, sem considerar os custos de transporte e eventual alimentação, além dos trabalhistas. Na base do argumento está o salário mínimo e os custos elevados de formação na área, sem contar os cursos complementares, como idiomas. Em resumo, muitos profissionais deixam a área apenas de guiamento e seguem pelo empreendedorismo para melhorar seus rendimentos.
B. Os agentes de viagens alegam que os valores são elevados: muitos agentes de viagem e operadores avaliam que os aumentos são fora do contexto econômico do pais e que os valores maiores destes serviços espantam os turistas, pois ficam com valores muito elevados. Atualmente, em Belém, em média se cobra (valores por pessoa): R$ 100,00 City Tour (4h), R$ 180,00 Mosqueiro (7h), R$ 120,00 Icoaraci (4h).
A massificação da atividade turística traz desafios de precificação para todos os envolvidos, o mercado estabelecido, geralmente, com preços consolidados e mais elevados concorre com novos entrantes e tecnologias, ofertados numa base com melhor custo benefício. Sendo assim, outras questões podem ser consideradas para a discussão:
1.Produtos nacionais: muitos viajantes que visitam a região, dependendo das suas experiências de viagem, costumam fazer comparações com serviço nem sempre similares, tipo: "lá em Fortaleza paguei R$ 35,00 por um City Tour", "no Ceará, o passeio para Canoa Quebrada custa R$ 60,00 e a distância é maior", e por aí vai. No Amazonas, que tem um receptivo bem estruturado, os passeios de barco custam a partir de R$ 110,00 por pessoa, por exemplo.
2.Produtos internacionais: na comparação com produtos e serviços em outros países, os produtos locais podem ser considerados bem mais em conta, por exemplo (valores por pessoa): US$ 79,00 - o traslado in/out e City Tour em Buenos Aires; Show Sr Tango com traslado US$ 110,00; em Pequim, um City Tour privativo com guia esta a partir de US$ 300,00; em Portugal, um passeio para Fátima e Óbidos com almoço, US$ 110,00; os famosos ônibus turísticos de várias cidades do mundo custam a partir de US$ 25,00 dólares por 1 dia de passeio.
3.Características da operações locais: as operações turísticas no Pará possuem algumas peculiaridades, pois a demanda pelos serviços não é em grande volume, cerca de 70% a 90% dos serviços de receptivo local, em base regular, são para pequenos grupos, de 2 a 4 pessoas, não raro com apenas um passageiro. Os veículos utilizados são privados, carros executivos e pequenas vans.
4.Produtos regionais: os pacotes regionais, como 1 dia na Ilha de Marajó, custam entre R$ 360,00 e R$ 450,00 reais, com traslados, passeios e refeição, bem próximo de passeios regionais em outros mercados. Alguns passeios de barco com trilhas, traslados e refeições também custam nesta faixa de preço.
Neste cenário, a precificação dos produtos e serviços paraenses segue uma lógica bem peculiar, ou seja, oferece-se produtos de prateleira, regulares, visando alcançar um grande público, mas as operações são feitas quase sempre em base privativa, com poucos profissionais, altamente especializados, dedicados a atender poucas pessoas; o que em outros mercados, seria considerado talvez mais especializado e não regular. Comparativamente, é como se vendêssemos um City Tour Hop On Hop Off por US$ 32,00 dólares, mas operasse num veículo privativo com apenas duas pessoas, nos quais os custos são bem mais elevados.
Outra base para possíveis análises é o fato de a categoria não possuir um piso salarial, o que dificulta estabelecer valores mínimos para os serviços por hora, por exemplo. Se formos considerar o valor do City Tour atual para o número mínimo de 2 passageiros, o valor é de R$ 70,00 por 4 horas de trabalho ou equivalente a R$ 17,50 por hora, brutos, sem considerar despesas com benefícios sociais, impostos e transporte.
A massificação da atividade turística traz desafios de precificação para todos os envolvidos, o mercado estabelecido, geralmente, com preços consolidados e mais elevados concorre com novos entrantes e tecnologias, ofertados numa base com melhor custo benefício. Sendo assim, outras questões podem ser consideradas para a discussão:
1.Produtos nacionais: muitos viajantes que visitam a região, dependendo das suas experiências de viagem, costumam fazer comparações com serviço nem sempre similares, tipo: "lá em Fortaleza paguei R$ 35,00 por um City Tour", "no Ceará, o passeio para Canoa Quebrada custa R$ 60,00 e a distância é maior", e por aí vai. No Amazonas, que tem um receptivo bem estruturado, os passeios de barco custam a partir de R$ 110,00 por pessoa, por exemplo.
2.Produtos internacionais: na comparação com produtos e serviços em outros países, os produtos locais podem ser considerados bem mais em conta, por exemplo (valores por pessoa): US$ 79,00 - o traslado in/out e City Tour em Buenos Aires; Show Sr Tango com traslado US$ 110,00; em Pequim, um City Tour privativo com guia esta a partir de US$ 300,00; em Portugal, um passeio para Fátima e Óbidos com almoço, US$ 110,00; os famosos ônibus turísticos de várias cidades do mundo custam a partir de US$ 25,00 dólares por 1 dia de passeio.
3.Características da operações locais: as operações turísticas no Pará possuem algumas peculiaridades, pois a demanda pelos serviços não é em grande volume, cerca de 70% a 90% dos serviços de receptivo local, em base regular, são para pequenos grupos, de 2 a 4 pessoas, não raro com apenas um passageiro. Os veículos utilizados são privados, carros executivos e pequenas vans.
4.Produtos regionais: os pacotes regionais, como 1 dia na Ilha de Marajó, custam entre R$ 360,00 e R$ 450,00 reais, com traslados, passeios e refeição, bem próximo de passeios regionais em outros mercados. Alguns passeios de barco com trilhas, traslados e refeições também custam nesta faixa de preço.
Neste cenário, a precificação dos produtos e serviços paraenses segue uma lógica bem peculiar, ou seja, oferece-se produtos de prateleira, regulares, visando alcançar um grande público, mas as operações são feitas quase sempre em base privativa, com poucos profissionais, altamente especializados, dedicados a atender poucas pessoas; o que em outros mercados, seria considerado talvez mais especializado e não regular. Comparativamente, é como se vendêssemos um City Tour Hop On Hop Off por US$ 32,00 dólares, mas operasse num veículo privativo com apenas duas pessoas, nos quais os custos são bem mais elevados.
Outra base para possíveis análises é o fato de a categoria não possuir um piso salarial, o que dificulta estabelecer valores mínimos para os serviços por hora, por exemplo. Se formos considerar o valor do City Tour atual para o número mínimo de 2 passageiros, o valor é de R$ 70,00 por 4 horas de trabalho ou equivalente a R$ 17,50 por hora, brutos, sem considerar despesas com benefícios sociais, impostos e transporte.
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