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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A Infraero "prejudica" o Turismo no Pará!?

Caros leitores, em entrevista recente ao programa Argumento, o superintendente regional da Infraero, Fábio Rodrigues, que também administra o Aeroporto Internacional de Belém, foi perguntado sobre diversos assuntos relativos ao aeroporto de Val de Cans. Lembramos que esta é a segunda participação da Infraero este ano no referido programa, o que mostra a importância e a preocupação em geral da sociedade com as questões que envolvem o equipamento. As entrevistas podem ser acompanhadas nos links a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=ER-kdA8CEX0, 23 de janeiro de 2017

https://www.youtube.com/watch?v=ettLK64OPic, 21 de agosto de 2017

Especificamente, em relação a última entrevista, as discussões giravam em torno  das questões operacionais, concessão e uma questão polêmica - se "a Infraero estaria prejudicando o Turismo no Pará"? Uma questão difícil de ser respondida, contudo podemos eleger alguns fatos para que cada usuário, operador e visitante avalie por sua conta se a Infraero "prejudica" o Turismo no Pará. 

Antes de elencar alguns destes fatos, vamos abordar alguns aspectos do Aeroporto Internacional de Belém. A localização é um dos mais importantes, Belém está localizada a cerca de 6h de voo de Miami, 2h de voo, em média, de Brasília, Fortaleza e Manaus; e a cerca de 1h30min de Cayena; aeroportos capazes de receber aeronaves do porte que recebemos atualmente. Cidades como Macapá, São Luís, Palmas, Santarém, entre outras, próximas a Belém não possuem capacidade operacional para receber regularmente grandes aeronaves, por exemplo. Sendo assim, aeronaves de grande porte, como as que fazem voos internacionais e grandes cargueiros possuem poucas alternativas viáveis nas proximidades. 
Pelo mapa acima fica claro o quanto é estratégica a localização do Aeroporto Internacional de Belém. 

Atualmente, o terminal do Aeroporto Internacional de Belém se posiciona como um dos melhores do Brasil em serviços para os usuários. Livrarias, espaço para descanso, lanchonetes, artigos regionais, perfumaria, embalador de bagagem, agências de viagens, guarda volumes, loterias, entre outros serviços e facilidades, compõem o portfólio atual do terminal. As facilidades, aliados a pouca distância do centro de Belém e a rede hoteleira próxima, colaboram para este posicionamento de Belém entre os melhores aeroportos do Brasil. 

Contudo, apesar dos esforços recentes, o Aeroporto Internacional de Belém não tem acompanhado a evolução qualitativa necessária para atender a demanda atual. Alguns problemas estruturais sérios vem se acumulando e trazendo prejuízos para usuários, operadores e viajantes. Destaco a seguir alguns destes problemas:

1. Certificação Operacional: a certificação operacional perdida ou não renovada pelo Aeroporto Internacional de Belém diz respeito a sua capacidade de atender grandes aeronaves e impossibilitou o aumento de frequências da TAP, por exemplo, que teve que alugar aeronaves menores; além de impedir que aeronaves cargueiras, do porte do Boeing 747, aterrissem em Belém. Apenas no caso da TAP, que há várias semanas opera com um Boeing 767 numa de suas frequências semanais, ficou impedida de utilizar seus Airbus A330-200 para a rota. Recentemente, uma outra operação cargueira teve que ser desviada para Fortaleza, pois nosso aeroporto não possui esta certificação;
* Durante a elaboração deste post, algumas fontes do mercado garantem que a restrição foi suspensa pela ANAC, notícia ainda não confirmada oficialmente pela Infraero!

A TAP vem utilizando um Boeing 767-300 da Aero Atlantic na rota Lisboa - Belém - Lisboa no lugar do Airbus A330. Dezenas de passageiros tiveram suas passagens alteradas e viajaram via Fortaleza, uma vez que a aeronave utilizada não possui todo o conforto das aeronaves usualmente utilizadas pela cia.

2. Refrigeração: o calor no terminal do Aeroporto Internacional de Belém é, de longe, o aspecto que mais incomoda os passageiros. Apesar do problema ser antigo, vem desde 2015, a solução prometida para Infraero é somente para 2018. Aqui mais um problema que não se atua preventivamente, seja por falta de recursos ou gestão, o fato é que muitos viajantes locais, turistas, funcionários e usuários reclamam diariamente do calor, principalmente, a tarde;

3. Opções de Transporte e acesso: com a demanda se aproximando rapidamente de 4 milhões de passageiros movimentados anualmente e cada vez mais internacional, com mais de 30 frequências semanais, a única opção de acesso público ao terminal são os taxis e carros particulares. O transporte público por ônibus para distante e o acesso é descoberto, ônibus executivos não existem mais, o Uber é perseguido pelo SEMOB e as empresas de turismo de receptivo. além de levarem constantes multas, não conseguiram resolver parte das questões operacionais no aeroporto, principalmente pela má gestão do órgão de trânsito, a SEMOB;

4. Sistema de Pistas: as melhorias feitas recentemente pela Infraero, como o recapeamento e o groowing (ranhuras na pista que auxiliam no escoamento da água)  precisam ser complementadas por uma reforma completa, com acréscimo de taxiways (pista paralela a principal, pela qual a aeronave segue para o terminal após o pouso) de saída da pista principal e aumento da largura dos acessos ao pátio. Se os investimentos necessários forem feitos em ambas as pistas, inclusive com a ampliação do comprimento e largura, além de melhorar a segurança das operações atuais e receber aeronaves maiores; o Aeroporto Internacional de Belém será um dos poucos no Brasil com duas excelentes pistas totalmente operacionais. Somente Brasília, Rio de Janeiro (Galeão) e São Paulo (Guarulhos) possuem esta condição atualmente;

Na foto acima, observamos o sistema de pistas do Aeroporto de Belém! Notem que nas cabeceiras 02 e 06 há uma diferença na largura dos acessos, enquanto na 02 é o mais adequado; na 06 eles são estreitos; assim como o primeiro acesso da pista auxiliar. 

Uma das possíveis causas do incidente com o voo da TAP ocorrido há alguns anos seria o acesso estreito a pista principal e a falta de sinalização adequada da pista.

Os danos a aeronave foram superficiais, após alguns dias em Belém a aeronave voltou a Lisboa!


5. Pátio de Aeronaves: o atual pátio de aeronaves comporta o movimento atual, contudo já apresenta gargalos quanto a presença de aeronaves de grande porte circulando em algumas áreas. Durante a Copa de 2014, por exemplo, não podemos receber algumas voos vindos de Manaus, pois nosso pátio não possuía espaço para o movimento daquela época associado com duas aeronaves de grande porte paradas nos pátios ao mesmo tempo. Contudo foi uma situação pontual, mas em algumas madrugadas, as várias posições de estacionamento ficam lotadas, ou seja, em alguns horários já não temos espaços disponíveis no pátio para novos voos. Se a economia crescer rapidamente, perderemos fluxo e teremos um encarecimento das passagens aéreas;

6. Terminal: o terminal atual precisa de melhorias urgentes na área externa. Apesar da intensa insolação e das chuvas quase diárias na capital paraense, a cobertura do terminal é limitada a primeira pista. Além da falta de cobertura na área em frente ao terminal, o estacionamento possui cobertura apenas para veículos e nos últimos anos praticamente duplicou de preço, sem acréscimo significativo a qualidade do serviço prestado. Ainda na segunda pista que passou a ser utilizada para operações de receptivo, o calçamento em pedra portuguesa é totalmente inadequado para movimentação de passageiros e bagagens, pois possui muitas irregularidades.

Apesar da beleza arquitetônica, a área externa do terminal do aeroporto de Belém é pouco funcional para as operações atuais de passageiros e receptivos. 

Na pista 2, movimentar bagagens e passageiros é muito desconfortável. Sem carrinhos de bagagens, piso irregular, risco de multas, sem contar as altas temperaturas.

Após a exposição dos fatos acima, podemos concluir, com elevado grau de certeza, que a Infraero tem um papel decisivo no desenvolvimento turistico do Pará, com destaque para a oferta de serviços de qualidade para usuários e operadores. Neste sentido, a empresa, ao não prestar seus serviços públicos de forma adequada, prejudica sim o Turismo e a economia do Pará. A má gestão, aliada a falta de recursos, em parte gerada pela crise econômica atual, estão causando prejuízos aos atuais usuários do aeroporto e caso medidas não sejam tomadas, prejudicará o crescimento da economia associada ao aeroporto.

Partes destas situações se repetem em aeroportos pelo interior do Pará, como Marabá, Santarém, Altamira, Tucuruí, entre outros. Com a palavra a Secretaria de Turismo, nossos caríssimos deputados e senadores, além, claro, dos incompetentes vereadores das números camaras municipais. 

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