As palavras do novo presidente da Vale são bem estranhas, no mínimo, fazem-nos refletir sobre questões matemáticas. Atentem a declaração: "Em 1996, paguei 3.500 dólares pelo meu primeiro notebook. Naquela época, o minério de ferro era cotado a 17 dólares. Hoje, compro um computador por 1.000 dólares, mas a tonelada de minério cusca cerca de 150 dólares".
Neste ponto da leitura me perguntei: será os incentivos fiscais? Como um computador era mais caro com minério mais baixo, agora o mesmo está nas alturas e os computadores mais baratos? Certamente, há outros fatores que impactam nos preços dos computadores, afinal não é só minério de ferro que o mesmo é feito, afinal, em termos de custo, os chineses são imbatíveis (mão de obra mais barata, câmbio artifialmente desvalorizado, incentivos fiscais, etc.). Em se tratando de Amazônia, não é meramente uma coincidência. Algumas pista forão dadas por Lúcio Flávio Pinto:
"Naquela época, a China e outros enormes países emergentes ainda não haviam se enganchado no mercado, o que fizeram de forma tão atrelada aos índices miraculosos de crescimento que não se ativeram o suficiente sobre questões como as fontes de energia para sustentar esse dinamismo e as condições de vida de suas gigantestas populações"... e continua...
"Decidiram pagar alto por certas matérias primas que lhes permitem contornar estes problemas e lhes dão fôlego para o futuro. Nós subimos do outro lado dessa gangorra de benefícios, mas de olho no imediato. Se lavantarmos mais a vista, constataremos a sangria de recursos naturais não renováveis - e únicos pela combinação rara de qualidade e quantidade. Ainda estamos no momento da cigarra, que canta e encanta. Mas logo sentiremos a falta do trabalho da formiga, sobretudo quando grande parte dessa riqueza for volatizada por exportações mastodônticas e relações de troca erosivas".
Aqui me pergunto - qual Amazônia queremos? Na velocidade que exploramos nossas riquezas e os amazônidas melhoram de vida, ao final das riquezas estaremos com um saldo negativo. A Serra do Navio, no Amapá, é um grande exemplo para pensarmos sobre esta situação. Aos poucos, a Amazônia tem sido uma grande fornecedora de insumos para o crescimento econômico do Brasil (Novas usinas hidroelétricas: Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, fora as 7 que querem construir no rio Tapajós) e do mundo (Minério para a China). Alguns números: a maior região do Brasil, a Norte, a partir de Belo Monte, responderá por 20,4% da geração de energia elétrica do país; o Pará, por exemplo, é o 3º maior produtor de energia do país e o 2º que mais proporciona divisas ao Brasil, por meio das exportações.
Os números mostram a importância da Amazônia para o Brasil e o mundo, contudo os índices de desenvolvimento humano da região nos fazem refletir sobre os resultados mágicos: o sucesso não tem se traduzido em melhorias rápidas e significativas para as populaçoes locais. Outra pergunta, o que faremos quando os recursos acabarem? Talvez sobre um deserto, um buraco ou outra coisa pior ou ainda, talvez alguém proponha outro plebiscito para respondermos a seguinte pergunta: de quem foi a culpa pelo desaparecimento da Amazônia: Eu, Você, Os Políticos, Os Chineses, O Governo Federal, O Governo Estadual, Os Gorvernos Municipais ou Todas as Alternativas Anteriores. Espero que meus filhos saibam a melhor opção...!
Deixo claro que não sou contra aos grandes projetos e investimentos, sou contrário, sim, a forma como os recursos estão sendo drenados e poucos resultados deixados para a população local.
E vocês leitores, o que acham?
Fonte: Jornal Pessoal, edição 491, 2ª Quinzena de Junho de 2011. Editado por Fabio Romero.
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