Será que a anunciada concessão à iniciativa privada de nossos maiores aeroportos por si só é um motivo para comemorar? Infelizmente, isoladamente não é algo para se comemorar!
Todos nós estamos cansados da Infraero na gestão de nossos aeroportos. Além de gestores fracos, a Infraero sofreu com a falta de um plano de desenvolvimento para nossa infra-estrutura, um plano que muitas vezes ultrapassa a competência da mesma. Nos últimos minutos do segundo tempo, nosso governo movido por interesses que não me são bem claros ainda, decidiu colocar em prática algo que há muito tempo tem sido colocado como um alternativa dentro de um complexo planejamento para nosso sistema de infra-estrutura.
Não é a iniciativa privada que vai transformar o que temos no que queremos e sim um plano que deixe claro os nortes do que queremos de forma que a iniciativa privada possa se orientar e ser limitada por esses valores e metas. Gestão privada não é sinônimo de sucesso e nem pública é de fracasso. A falta de nortes, limites e fiscalização são sim sinônimos de fracasso. O que nos falta é decidir o que queremos e como queremos que seja realizado. Nosso passado de privatização baseado apenas na idéia de que a iniciativa privada faz melhor mostrou que ela fez melhor, mas muitas vezes também cobrou muito mais pelos seus serviços. Na minha forma de ver, o que não é uma verdade absoluta e nem um consenso, aeroportos são muito mais que um local onde pousam e decolam aviões. Mas como eu vejo os aeroportos? Algo semelhante ao que Changi é. Os principais pontos são:
Cartões de Visita
Aeroportos são um dos principais cartões de visita de uma cidade, estado, região ou país. Devem estar conectados com as políticas de turismo e serem operados com a visão real de sua importância dentro do contexto turístico. Chegar, sair e permanecer em um aeroporto sem estresse e ao mesmo tempo ter contato com a cultura local ajuda muito para que um turista (seja a negócios ou a lazer) faça uma avaliação positiva de sua viagem.
Serviços de Bom Nível e Preços Justos
Um aeroporto deve oferecer boas opções de serviços para quem o visita (não só para quem voa a partir dele), com qualidade e preços compatíveis com os cobrados naquele destino. Opções para todos os bolsos e gostos. Nada de fazer lucro às custas da exploração de seus usuários, isso é coisa de países ultrapassados e de mentalidade pequena. Vale lembra ainda que o transporte aéreo está sendo democratizado em nosso país e que tende a se tornar uma das principais opções de transporte.
Um aeroporto deve oferecer boas opções de serviços para quem o visita (não só para quem voa a partir dele), com qualidade e preços compatíveis com os cobrados naquele destino. Opções para todos os bolsos e gostos. Nada de fazer lucro às custas da exploração de seus usuários, isso é coisa de países ultrapassados e de mentalidade pequena. Vale lembra ainda que o transporte aéreo está sendo democratizado em nosso país e que tende a se tornar uma das principais opções de transporte.
Segurança e Conforto
Os espaços deve ser ainda confortáveis termicamente, passando a sensação de segurança e com assentos confortáveis. Agir como um fast food (cores fortes, assentos duros, ambiente pouco aconchegante) que tem interesse em colocar uma ambiente que induza a rotatividade não vai fazer o passageiro sair voando mais rápido daquele aeroporto e sim vai conseguir apenas que se fale mal dele. Saber aproveitar seus espaços nobres, como espaços que permitem a visualização do pátio de aeronaves, é um grande atrativo tanto para quem voa a partir dele como para quem vai lá levar alguém ou mesmo passear.
Conexão com Outras Formas de Transporte
Não existe aeroporto de sucesso onde se gasta mais para chegar nele do que para voar a partir dele. É imperativo que os aeroportos ofereçam opções de transporte para todos os tipos de passageiros (e de bolsos) que os utilizam e durante todo seu horário de funcionamento. Ônibus e táxis a preços justos e se possível opções de transporte de massa como trens devem estar incluídas no planejamento da operação dos aeroportos. Chega de feudos favorecendo a poucas empresas ou cooperativas que querem ganhar muito fazendo pouco. Infelizmente, como em todo mundo civilizado, vão ter que ter um lucro pequeno unitário multiplicado pelo volume realizado. Além disso, devem estar conectados às demais modalidades de transporte oferecidas na região, já que muitos passageiros não terão a principal cidade servida pelo aeroporto como destino final. Devemos lembrar que aeroportos não são um fim em si mesmos e estão dentro de um sistema de transporte mais amplo.
Assim, não comemoro esse anúncio de concessão, já que não vi nenhuma consulta aos notáveis ou discussão ampla (isso não deve ser algo restrito a um governo apenas) sobre o modelo a ser implantado, não li nada sobre como seria o planejamento futuro para os mesmos e principalmente como os usuários seriam beneficiados. Só ouço que a Copa vem aí, que as coisas não andaram e que agora é hora de fazer tudo de qualquer jeito. O problema é quem paga a conta sou eu e que eu fico com o ônus após a Copa passar distribuindo lucros para quem souber aproveitar as “oportunidades”...
Este post foi originalmente publicado no blog Aquela Passagem. Todos os direitos reservados.
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