O Turismo Pirata, aquele feito por pessoas não habilitadas, empresas fantasmas, guias não credenciados, agências não registradas, taxistas, entre outros, cresceu assustadoramente nos últimos anos em Belém e no Pará. Os poucos esforços feitos por associações de classe do trade, assim como os entes públicos, responsáveis pelo ordenamento da atividade, como o Ministério do Turismo, Secretaria Estadual de Turismo e Coordenadoria Municipal de Turismo - Belemtur, apesar das várias denúncias, levaram a esta situação lamentável. Diariamente, são feitos fragrantes de diversas irregularidades, como as registradas a seguir:
Taxistas oferecem em diversas esquinas serviços turísticos sem nenhuma regulamentação, totalmente a margem da Lei. Lembramos que o taxi é um tipo de concessão de transporte público e em nenhum momento inclui serviços de Turismo.
Taxista aguardando o "tour" próximo ao Mangal das Garças!
Em frente de alguns hotéis, a sinalização turísticas foi destruída.
Os espaços que deveriam ser de Turismo estão ocupados irregularmente por particulares e pontos de taxis não autorizados.
Investimento público depredado.
Algumas irregularidades recebem apoio de hotéis oficiais
O crescimento do turismo irregular traz sérias consequências para a economia paraense e, em especial para a capital, tanto para o setor público quanto privado, refletindo em questões urbanas, de profissionalização e diminuindo sensivelmente a qualidade do produto paraense. Vamos a algumas destas questões:
1. Qualificação: O grande número de profissionais irregulares atuantes traz a percepção que a qualificação não é necessária, como no caso de Guias de Turismo, impossibilitando o fechamento de novos cursos e impedindo a renovação natural do mercado. No caso do Guiamento, em Belém já houve até mortes no trânsito, pois o profissional que se dizia Guia de Turismo orientou o motorista de forma incorreta durante um passeio e causando o acidente que vitimou o turista.
2. Prisões e constrangimentos: devido a um elevado número de organizadores de viagens irregulares, muitas excursões que se direcionam a outros mercados (Turismo Emissivo) estão sendo abordadas em outros estados, constrangendo viajantes e organizadores. O problema das irregularidades do Turismo no Pará tem afetado outros mercado, como o Nordestino. A situação tem se tornado tão grave que um membro representante dos Guias de Turismo do Ceará utilizou a seguinte frase durante o último Congresso Brasileiro de Guias de Turismo realizado em Natal em maio desta ano: "Meu problema hoje se chama Pará". Com razão o representante usou a expressão, pois durante o mês de julho, por exemplo, podem ocorrer até 50 grupos ou mais de turismo no Ceará (O Pará, ao lado de São Paulo, é um dos maiores emissores de viajantes para o Ceará, segundo a Secretaria de Turismo estadual), apenas rodoviário, sendo que mais de 70% vão sem o Guia Nacional e por consequente muitos operadores irregulares ou piratas também não contratam guias locais para os passeios.
3. Qualidade do produto: excursões sem guias, ônibus sem os equipamentos em pleno funcionamento, motoristas despreparados, passeios locais sem guia, hotéis trocados em cima da hora, informações incorretas, assaltos, entre outras questões tornam a percepção do produto paraense aquém do seu real potencial. Baixa qualidade do produto compromete a experiência turística e diminui o custo benefício do produto paraense. Imaginem que um taxista cobra o mesmo que uma agência de viagem de receptivo regular para fazer um tour em Belém, enquanto pela agência há um guia de turismo explicando tudo em detalhes, acompanhando o visitante em cada atração; os taxistas apenas levam o turista até a porta das atrações; sem dúvida, nesta última opção a qualidade da experiência será bem menos satisfatória.
4. Arrecadação de impostos: taxistas irregulares, transportadoras sem Cadastur, agências de viagens piratas, hotéis vendendo serviços sem registro, guias de turismo nacionais e locais piratas impactam economicamente na atividade, diminuindo a arrecadação de taxas e tributos, como o ISS e ICMS. Em tempos de crise e baixa nos cofres públicos, seria interessante o poder público reavaliar as políticas ligadas ao Turismo e este mar de irregularidades que enfrentamos no Pará!
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