A popularização do turismo é um fato para muitas localidades do Pará: Salinas, Mosqueiro, Cametá, Vigia, Ourém, Bragança, Santarém, entre outros, recebem milhares de visitantes em diversas datas ao longo do ano. Contudo, alguns destes destinos estão sendo explorados por um tipo de fluxo que esta à margem de políticas públicas, de regulamentação e pouco estudado: o Picktur.
Esta denominação, talvez pejorativa, faz alusão aos piqueniques muito comuns em regiões de praia em diversos cantos do Brasil, geralmente, feito por pessoas de baixa renda, que carregam consigo todo tipo de produto que irão precisar na praia, como por exemplo: comida, bebidas, cadeiras, entre outros objetos; consumindo, desta forma, poucos serviços e produtos na localidade receptora. Estes fluxos causam um grande impacto nas atrações, equipamentos e serviços de uma cidade, tanto que muitas cidades do litoral paulista e carioca possuem leis regulamentando a entrada de veículos de turismo popular, proibindo-os de circular no centro da cidade por exemplo, designando áreas para estacionamento e, eventualmente, cobrando por estes espaços.
No Pará, o Picktur, turismo popular, de fim de semana ou outra denominação parecida, ainda é um fenômeno completamente ignorado pela academia e pelo poder público. Entre os dias 14 e 16 de agosto de 2015 fiz um levantamento simples da movimentação destes grupos entre os balneários (pequenos igarapés ou mesmo rios, com uma infra estrutura básica de recepção de visitantes ao longo de estradas, vilas, povoados ou cidades pequenas), localizados entre Belém e Salinas, num trecho de 220km. Eis alguns resultados:
Veículos de turismo envolvidos: 70, sendo cerca de 50% na praia do Atalaia em Salinas.
Média de público: 40 pessoas por veículo.
Movimentação econômico projetada* para um ano: R$ 8 milhões de reais.
Os igarapés de água escuro e gelada existem as centenas na maioria das estrada do Pará e com a facilidade de acesso, muito passaram a explora estas atrações ofertando alimentação e bebidas e, eventualmente, cobrando pelo acesso.
Alguns balneários viraram espaços bastante requintados, com uma excelente infra estrutura, hospedagem e boa gastronomia, alguns com extremo zelo ambiental e preocupados com aspectos de sustentabilidade e educação ambiental.
Em Salinas, a procura deste tipo de turismo é tão elevada que já foi criado pela Prefeitura de Salinas e pelo Governo do Pará um estacionamento na entrada da praia para diminuir os problema de trânsito na entrada da praia. Muitos turistas são transportados por empresas não regularizadas, em veículos muito antigos e com problemas de manutenção, o que de certa forma barateia os preços e possibilidade este tipo de atividade de lazer.
Em meio a este cenário, as empresas de transporte regular, como esta da cidade de Castanhal, no nordeste paraense, ainda são a minoria, devido aos preços elevados e a indisponibilidade de veículos.
Em alguns balneários, como Salinas, é possível, mesmo fora da temporada, observar grupos e veículos de outras estados próximo visitando a região, como este de Imperatriz.
* Considerando o valor do frete de veículos de turismo no Pará, em torno de R$ 2.500,00 por dia mais gastos com alimentação e bebidas da ordem de R$ 60,00 por dia, por pessoa.
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