quarta-feira, 10 de setembro de 2025

COP 30 e a Belle Époque

Na história da Amazônia e, em particular, de Belém e Manaus, há um período histórico muito relevante ocorrido há pouco mais de 100 anos atrás, a Belle Époque (Bela Época), caracterizada por um período histórico de grande fervor urbano em grandes cidades da região. Entre 1870 e 1914, o mundo viveu um extenso período de paz, prosperidade, avanços científicos, tecnológicos e culturais, com reflexos em vários aspectos da vida cotidiana amazonida que buscava absorver costumes, construções, aspectos culturais e de consumo europeus. No livro Belém: Riquezas Produzindo a Belle-Époque (1870 - 1912) (2000), resultado de uma profunda pesquisa da autora Maria de Nazaré Sarges, temos um pouco deste panorama de mudanças perceptíveis na urbanidade da capital do Pará.

Os recursos injetados pelo vibrante comércio da borracha, extraída em larga escala em diversos pontos da Amazônia, favoreciam investimentos de grande porte na capital: prédios públicos, parques, serviços, residências, calçamentos, novas ruas, energia elétrica, entre outros, eram uma das faces mais visíveis desta "revolução" urbana que acontecia na capital paraense. Nos bastidores familiares, leis municipais, principalmente, no período de governo do intendente (Prefeito) Antônio Lemos, tentavam implementar novos costumes sociais, como até a forma como os habitantes se comportavam dentro dos imóveis. Nas ruas, a classe mais abastarda abusada do luxo das roubas, bailes e cabarés, num tom que contrastava com o calor dos trópicos, sendo Belém considerada um "inferno verde", mas também a "paris dos trópicos", a "paris na américa", nome lembrado até hoje pela icônica loja localizada no centro comercial de Belém.

Guardada as devidas proporções, a COP 30 (Conferência Climática da ONU), pouco mais de 100 anos depois, trás as moradores de Belém e da Região Metropolitana um pouco deste gostinho, com uma verdadeira revolução urbana e, de certa forma, de hábitos e costumes que estão dando novos ares a capital paraense. Desta vez a inspiração europeia ficou no passado e entrou o regionalismo que busca destacar pontos fortes de nossa brasilidade e dos povos amazônicos. Enquanto a Belle Époque transformou a capital paraense em pouco mais de 40 anos, a COP 30, em cerca de 2 anos, vem transformando o cenário da capital como nunca visto nas últimas décadas. São tantas obras e ações em andamento que até o pesquisador mais atento fica devendo todos os acontecimentos em curso. Sem dúvida, estamos num momento de grande vibração, pois o legado deixado pelo evento é inegável e será lembrado por muitas décadas, assim como a Belle Époque. A seguir alguns registro deste momento histórico da época da borracha, considerando as obras aceleradas por causa do evento:

Bondes e eletricidades foram grandes novidades entre 1890 e 1910.

Casarões e palacetes mostravam a riqueza circulante entre as famílias ricas da borracha.

Teatro da Paz, um dos grandes símbolos culturais da época.

Avenidas arborizadas entre os casarões comerciais.

Os canais centrais ainda eram navegáveis e traziam um charme especial a capital.

Ônibus renovados, com ar condicionado e elétricos, uma grande novidade para a mobilidade urbana.

Ponte de acesso ao distrito/ilha de Outeiro, construída em tempo recorde.

Viadutos em vários pontos de região metropolitana facilitam o trânsito e a conexão entre os bairros.

Rua da Marinha - apesar do visível impacto ambiental, a mobilidade nos bairros do entorno já começa a melhorar.

Parque da Cidade: o antigo aeroporto regional Júlio César virou um grande parque urbano.

Parque linear em dois grandes canais no centro da capital tentam reviver o charme da beira dos igarapés.

Obras e ações da COP 30:
-Mais de 30 mil pessoas qualificadas;
-Segunda ponte de acesso a ilha do Outeiro;
-Terminal internacional de passageiros no Porto de Belém;
-Terminal hidroviário de cruzeiros;
-Terminal hidroviário fluvial da Tamandaré;
-Terminal hidroviário de Icoaraci;
-Reforma do Prédio da Alfândega:
-Reforma dos canais nos bairros do Guamá, São Brás, Marambaia e Val de Cans;
-Ampliação e reforma do Aeroporto Internacional de Belém;
-Novos voos internacionais e ampliação da malha aérea;
-Conclusão do Projeto Porto Futuro 2;
-Redes internacionais de hotéis: Vila Galé e Tivoli;
-5 viadutos metropolitanos;
-Parque da Cidade;
-Parque do Murucutu;
-BRT Metropolitano;
-BRT Júlio César - Aeroporto;
-Reforma do Hangar Centro de Convenções;
-Reforma do Museu Paraense Emílio Goeldi;
-Reforma do Mercado de São Brás;
-Reforma e esgotamento sanitário do Complexo do Ver-o-peso;
-Reforma da Basílica de Nazaré;
-Projeto da nova orla de Icoaraci;
-Refrigeração dos ônibus urbanos da região metropolitana de Belém;
-Implantação de pagamentos digitais do transporte urbano;
-Ampliação dos meios de hospedagem de Belém em plataformas internacionais;
-Parques lineares urbanos da Doca e Tamandaré;
-Rua da Marinha;
-Vila COP 30 (Centro Administrativo do Estado do Pará pós COP 30);
-Parque Urbano Igarapé São Joaquim;
-Reforma da Base Aérea de Belém;
-Requalificação da Avenida Júlio César;
-Avenida Liberdade;
-Asfaltamento de dezenas de ruas secundárias;
-Eventos paralelos: jogos de vôlei, basquete, seleção brasileira, reuniões pré-COP, shows nacionais e internacionais;
-Reforma do entorno do Mangueirão;
-Requalificação e ampliação do receptivo em Belém, ilhas e entorno com novos veículos, roteiros e profissionais (Guias de Turismo, Agentes de Viagens, Monitores, barqueiros, etc.);
-Ampliação e qualificação da rede gastronômica da cidade: reforma de bares e restaurantes, criação de novas opções e treinamento/contratação de pessoal;
-Mais de 2000 novos postos fixos de trabalho criados;

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